quinta-feira, 12 de março de 2015

Jatropha curcas

Jatropha curcas

DANTE, B.L.; GOMES, B.A.; MACCARI-SILVA, B.; VIRGILI-SILVA, A.



  Figura 1
Figura 2

Nome Científico: Jatropha curcas

Nome popular: pinhão-de-purga, pinhão-de-cerca, purgante-de-cavalo, mandubiguaçu, manduiguaçu, figo-do-inferno, pinhão-paraguaio, pinhão-manso, pinhão-bravo.

Partes Tóxicas da planta: Sementes e pericarpo.

Mecanismo de ação: A semente possui complexo resinoso, alcalóides, glicosídeos, a  toxalbumina curcina e os ésteres de forbol.
O complexo resino-lipóide é considerado o responsável pela dermatite causada pela planta.
Os glicosídeos podem deprimir os sistemas respiratório e cardiovascular e estimular a musculatura gastrintestinal. Esta seria uma das responsáveis pelo efeito purgativo. Outra responsável por estes efeitos é a toxalbumina curcina que tem ação semelhante à ricina (toxalbumina encontrada na mamona), porém 1000 vezes menos tóxica, sobre o trato gastrintestinal e também ação aglutinante sobre os eritrócitos. É capaz de inibir a síntese in vitro e possui alta capacidade de ligação aos carboidratos específicos, principalmente nas células do duodeno e jejuno, causando sérios danos à parede intestinal.
Os ésteres de forbol são moléculas derivadas de diterpenos tetracíclicos que apresentam atividades carcinogênicas e ação inflamatória. Experimentos in vitro demonstraram que os receptores que medeiam a atividade promotora de tumor são diferentes daqueles que medeiam a ação inflamatória. A ação inflamatória se deve à capacidade dos ésteres de forbol de ativar a enzima fosfolipase A, que hidrolisa os fosfolipídeos de membrana produzindo ácido araquidônico, secreção de prostaglandinas (principalmente a PgE) e leucotrienos e migração celular transendotelial, levando a uma resposta inflamatória do tecido.
Quanto à atividade carcinogênica, os ésteres de forbol também apresentam a capacidade de simular os efeitos do diacilglicerol na ativação da proteína quinase C (PKC) de forma que a interação entre os ésteres e a enzima é mais forte que a interação com o diacilglicerol, provocando uma hiperativação da enzima. A PKC tem a função reguladora de vários processos celulares (proliferação, apoptose, migração celular, estímulo da síntese de proteínas, etc), existindo evidências substanciais ligando a PKC à gênese de tumores. Sendo assim, os ésteres de forbol comportam-se como agentes mitogênicos e estimulam o crescimento celular, mesmo em doses baixas.
Os ésteres de forbol também podem estar relacionados, em alguns casos, à hepatite tóxica devido à ação de seus metabólitos tóxicos sobre os hepatócitos, uma vez que compostos dessa classe sofrem conversão metabólica pela ação de lipases no fígado.

Sinais clínicos: Os sinais clínicos mais comumente encontrados são intensa dor abdominal, náuseas, vômitos acentuados, diarréia, espasmos da musculatura das extremidades, distúrbios respiratórios, hipotensão, distúrbios eletrocardiográficos e desidratação. Conseqüente aos distúrbios hidroeletroliticos pode ocorrer torpor, hiporreflexia e coma. O óleo tem efeito purgativo violento e o látex é caustico, de ação irritante sobre a pele e mucosas. Em um estudo com ovinos, observou-se caquexia, diarreia, mucosas hipocoradas, desidratação, alopecia, bradipneia, respiração crepitante e tosse. Em outros estudos observou-se que intoxicação em galinhas era caracterizada por diminuição do crescimento, hepatonefrotoxicidade, hemorragias e congestão.

Referências:

Ferreira, O.R. et al.Toxicidade do pericarpo da Jatropha curcas em ovinos. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. Vol 64. No 3. Belo Horizonte, junho 2012. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0102-09352012000300006> Acesso em: 03 mar 2015. 

Fernandes, R.N. Valor nutritivo do farelo de pinhão manso (Jatropha curcas) para alevinos de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Centro de Aquicultura da UNESP. Jaboticabal, 2010. Disponível em: <http://base.repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/86742/fernandes_rn_me_jabo.pdf?sequence=1> Acesso em: 09 mar 2015.

Mendonça, S.; Laviola, B.G. Uso Potencial e Toxidez da Torta de Pinhão-manso. Comunicado Técnico Embrapa. 1 ed. Brasilia, 2009. Disponível em: <http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/737002/1/cot011.pdf> Acesso em: 03 mar 2015.

Santos, W.L.C.; França, F.A.; Lopez, L.B.; Silva, G.M.S.; Avelar, K.E.S.; Moraes, S.R. Atividades farmacológicas e toxicológicas da Jatropha curcas (pinhão-manso). Revista Brasileira de Farmácia, 2008. Disponível em: <http://www.rbfarma.org.br/files/pag_333a336_atividades_farmacologicas.pdf> Acesso em: 02 mar 2015.

Schvartsman, S. Plantas Venenosas e animais peçonhentos. 2 ed. São Paulo: SARVIER, 1992. 

Imagens
Figura 1 -  Fonte: Prota4u Record Display. Disponível em: <http://www.prota4u.org/protav8.asp?p=Jatropha+curcas>

Figura 2 - Fonte: Cultivos Energéticos. Disponível em: <http://www.jatrophacurcasweb.com.ar/index.php>

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